terça-feira, outubro 04, 2005

Extremismo musical: uma bomba no pé do ouvido


Pessoal, enquanto eu não volto de vez, estou postando um artigo meu que foi publicado ano passado no finado site “Cultura Jovem” do pessoal aqui da Rondon...é meio bobinho mas é meu ....rsrsrs

Tempo médio de leitura: 2 min e 15 segs e depois você tá liberado pra assistir Jaspion de novo.

Sim, existem extremistas em terras brasileiras.Não é pra causar pânico, mas eles podem estar do seu lado.
Mas fique tranqüilo, pois é fácil reconhecer o típico extremista, extremista musical, pra ser mais claro.
Assim como homem bomba, ele chega de mansinho e começa com sua pregação sobre o melhor som do mundo, argumenta que as músicas de sua banda preferida são as melhores e termina por finalizar dizendo que todas as outras bandas e “sonzinhos” são em suma, uma droga.
Ele (ou ela) também não perde tempo ao falar do capitalismo na industria fonográfica, dos preços abusivos dos cds, que o pop é o apogeu da musica comercial, que as gravadoras são excludentes com novas bandas e blá, blá, blá.
Tudo isso pode até ser verdade, mas o erro principal desse tipo de extremista (e olha que são muitos) é se contradizer no quesito, o que defender e contra quem se defender.
Os extremistas que se dizem “contra o mercado fonográfico”, a favor do “alternativo” e da democracia musical, terminam por fazer exatamente o que o mercado fonográfico que tanto criticam faz: excluem sistematicamente gêneros (para os extremistas tudo o que é considerado comercial é “demonizado”, sem piedade) e ainda pregam a “categorização de uso” dos sons.(pop é pra patricinha, rap é pra “mano” da periferia, música clássica é pra “véio” etc...)
Tal atitude não poderia ser melhor para as gravadoras que assim continuam “abastecidos” com públicos bem definidos e que não “pedem” nada de realmente musicalmente novo.
Assim, sem perceber, os extremistas trabalham de graça para o sistema contra o qual dizem se rebelar.
A maioria das vezes, um encontro com um extremista é uma ótima experiência de troca desperdiçada.
Isso porque, ao confrontar as pessoas com suas idéias, o extremista, termina também por colocar a “vitima” contra a espada (para aceitar suas idéias é claro!)
Por fim, a vitima termina voltando (por medo ou simplesmente pela inconsistência do argumento) direto pro lado musical da onde veio, sem conhecer e analisar novos sons e visões de mundo.
Tirando um pouco da fantasia, na maioria das vezes é assim que ocorre.
Agora pense comigo e análise:
Pode alguém gostar de Metálica e na próxima hora ouvir Enya?
Pode alguém gostar de Marliyn Manson e depois na balada ouvir um remix de Britney Spears?
Pode alguém ouvir Green Day e horas depois se encantar com a melodiosa Norah Jones?
Sim, tudo é possível, o que não dá pra tolerar é gente com a mente restrita que aponta o dedo na sua cara e diz, poxa, você ouvindo esse lixo? Toma jeito e ouve musica de gente!
Seria inocência imaginar que com seu extremismo ou defesa inflamada por essa ou aquela banda o mundo vá ficar melhor ou mais verde (pra isso entre pro Greenpeace!) isso porque (caso você não tenha notado) estamos no meio de uma guerra, guerra essa, que tem como vitória nossos ouvidos e bolsos!
As gravadoras não dão ponto sem nó e investem milhões em bandas que certamente retornarão o investimento por isso não se iluda se você achar que aquela nova banda é a sua cara e faz o som que você adora. Adivinhe o porquê? Pesquisa de mercado e adequação ao publico alvo são uma resposta possível.
Por mais ativos e influenciadores (no mercado fonográfico) que possamos ser, somos tão somente a ponta de um mercado e infelizmente temos a função de consumir tudo o que pudermos o mais rápido possível.
É uma gigantesca pretensão jogar dentro do mesmo saco (de lixo, é bom ressaltar) a música e o respectivo ouvinte sem avaliar o contexto em que a música foi produzida e o uso que cada um faz dela.(relaxar, dançar, protestar ou simplesmente não fazendo nada) pretensão também é achar que ter a tão alardeada “atitude” é balançar a cabeça com um rock “paulera” ou fazer cara de mal cantando um rap, nada mais superficial.
É obvio que existem bandas e “produtos musicais” que são essencialmente comerciais e visam tão somente o lucro e massificada exposição (aí vai Broz, Rougue, etc...) e também que existem bandas menos comerciais e com sons mais experimentais(Bjork é um bom exemplo ) mas ainda sim continuam a servir quem os patrocina.Não se esqueça: ninguém entra nessa de graça e tudo se torna comércio.
Em suma, estamos todos no mesmo barco, e não adianta atacar ou ficar espezinhando fulano por que ele ouve (e consome) um som mais comercial ou algo mais underground.
Todos os sons e influências merecem respeito e acham legitimidade de existirem ao encontrarem publico consumidor (por mais restrito que seja)
Afinal, o mundo não se resume ao que você vê na MTV e como diria o poeta “Toda generalização é burra”.
Por Fábio dos Anjos Fernandes - (2º ano PP - Unirondon)

Nenhum comentário: