sábado, julho 28, 2007

Um momento afinal de contas, um momento afinal.

Por Fábio Fernandes



-Não se morre numa terça-feira, pensou com calma o passageiro enquanto tomava um suco naqueles copos de plástico típicos de avião e domava seu medo de voar.

Era sua enésima viagem, mas sempre tinha aquele suadouro, sempre. Hoje não foi diferente

As luzes longuiquas da cidade grande apareciam na linha do horizonte, mas ainda indefinidas. Ainda havia tempo para se tomar um ar, respirar fundo, mesmo que fosse aquele ar viciado de avião na esperança de que ao botar o pé no frio ar da grande cidade ele seria fresco e renovado.

Ainda havia aquele momento de preguiça em que as revistas são enfadonhas, a conversa com estranhos é indesejada e a presa de tocar os pés no chão é maior que o desejo de brincar de pássaro em pleno final de tarde.

A aeromoça disfarça com inúmeros sorrisos as dores no pé pelo incomodo salto alto e sonha com o momento de tirá-los e poder ver os dedos ao ar. Uma outra passageira com as luzes acessas sobre sua cabeça observa a foto do filho com carência explícita almejando o momento do reencontro, nada repreensível afinal de contas.

Logo atrás dela uma família de retorno das férias revê as fotos da praia e com um dejá vú observa as luzes da cidade já claras naquele quebra-cabeças de bairros, ruas, avenidas tão espetaculares com a recém chegada da noite chuvosa.

A vida é feita de momentos pondera um executivo em seu indefectível terno surrado com o lap top aberto á sua frente enquanto termina um relatório chato e previsível.

Ele pensa: sair do aeroporto, 20 minutos, chegar em casa mais 1 hora, alimentar o gato, regar as plantas e tomar um banho remidor por tantas horas apertado naquele terno.Nada mais justo. As luzes se tornam nítidas e os carros e os grandes congestionamentos estão ali para quem quiser ver; aquele respiro de alívio é geral pois se chega a um destino, vindo das férias, do trabalho, da visita aos avós, ou ainda indo para o próprio casamento, indo de encontro ao desejo tão irrefreado de amor; tudo numa tarde de terça-feira chuvosa onde realmente nada acontece.

A altitude diminui e as vozes dos alto-falantes são padrão sobre ás quais não se dá a importância devida.

Os prédios se aproximam e um dos passageiros considera com seus botões miúdos: " Como alguém consegue morar aqui com tanto barulho a todo hora? Deve ser um karma."

O silêncio toma conta do ambiente pois em momentos como esse, conversas são desnecessárias e o única aceitável é aquela interna do tipo :" tudo vai dar certo e só mais um pouso..." seguida de sinais da cruz, o apego aos crucifixos e os olhos e dentes apertados na agonia sem som.

O baque do toque no solo sinaliza o alívio geral e o barulho ensurdecedor das turbinas demonstram a grandiosidade do feito humano; máquinas que voam! Grandissíssimo avanço.

A pista corre rápido demais assim como o tempo de uma vida e na iminência da velocidade desigual considera-se uma arremetida, uma nova oportunidade absolutamente excepcional.

Todos com seus cintos apertados, respeitando o aviso de não fumar e de não usar aparelhos eletrônicos, vê-se alguém já com as malas em mãos na presa de se viver algo lá fora de relevância descomunal, fazendo valer a pena todas as horas de desperdício, sentados e imóveis brincando de pássaros que voam por entre os céus.

Um momento de reflexão. Esse não seria o primeiro pensamento de alguém que está prestes a desembaraçar e que em 4 longos minutos vai encontrar o chão que seus pés tanto pedem, os parentes que tanto ama, o táxi que tanto almeja e por fim o beijo que os lábios ordenam, mas é necessário refletir sobre o ontem, sobre o hoje e o amanhã.

Naqueles rápidos 13 segundos transformados em 3, refletir: cada um considera sua plena individualidade e seus destinos agora mútuos. A aeromoça olha naqueles rostos anônimos com comportamentos sempre tão iguais. Os passageiros olham a aeromoça em sua impassível elegância, sentada perfeitamente composta sem medo algum.
-Deve ser a experiência de anos, julgam eles.

As luzes passam ligeiras e quando a vida vira à esquerda e passa pela avenida do destino, o momento de reflexão cessa.

E percebe-se que momentos são só momentos e que afinal de contas se precisa deles, um momento afinal, momento de refletir sobre o hoje, sobre a vida, sobre o beijo perdido e a ausência.
Um momento apenas.


* HOMENAGEM AOS PASSAGEIROS DO VOO DA TAM E SEUS PARENTES

quarta-feira, julho 25, 2007

As good as it gets....





Como é bom tirar um tempo pra vc e poder rir dessas dificuldades superficiais que julgamos de suma importancia.

Nesse fds pude re-assitir "Melhor é Impossivel" de 1997 com o maravilhosos Jack Nicholson, Helen Hunt Hunt e Greg Kinnear; nada melhor para desanuviar esses achimos e perceber que tudo pode mudar, bastando um empurraozinho de si próprio.

MUITO BOM, RECOMENDO!