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sábado, março 24, 2007
domingo, março 18, 2007
Documentários sobre gente, afinal.
É incrível como o gênero documentário sofreu profundas mudanças nos últimos tempos tanto do formato quanto no conteúdo.
Hoje documentários podem ser encontrados em cinemas (coisa rara há alguns anos atrás) e os temas base criaram asas.
Até para o público leigo que tem como principal e único acesso as locadoras de DVDs essa mudança é visível.
Quem antes estava acostumado só com os interessantes, porém enfadonhos documentários do National Geographic, hoje tem a sua disposição uma vasta gama de produtos dessa categoria.
Só para exemplificar, um dos primeiros a se popularizar frente ao grande público foi Michael Moore com seu polêmico e instigante Tiros em Columbine (Bowling for Columbine, 2002, Michael Moore) onde demonstra a irracionalidade da violência reinante nos EUA abastecida pela cultura do medo e das armas.
Outro anônimo que ganhou fama com documentários inusitados foi Morgan Spurlock com o divertido e espirituoso Super Size Me - A Dieta do Palhaço (Super Size Me, 2004, Morgan Spurlock) trazendo o lado sombrio das dietas baseadas em Fast Food.
Como experiência Spurlock comeu durante um mês todo somente alimentos do cardápio da mundialmente conhecida Mcdonald´s. resultado: ganhou peso, perdeu saúde e uma sentença : “Você vai morrer se não parar já!”
Outro que também merece lembrança é o Oscarizado “A marcha dos pingüins” (La Marche de L'Empereur, 2005, Luc Jacquet) que narra de forma emocionante o trajeto dos bichos rumo ao interior da Antártica para a procriação num jogo onde o tempo é decisivo para a vida ou para a morte. Excelente.
O Brasil também não fica de fora de produções de documentários; aqui posso citar o impactante Ônibus 174 (2002, José Padilha) que merece louvores por sua coragem e espírito investigativo.
E essa lista de exemplos poderia ser fechada com um “não tão anônimo” assim que estréia no Brasil ainda este ano: Uma Verdade Inconveniente (An Inconvenient Truth, 2006, Davis Guggenheim) onde o ex-vice-presidente dos EUA Al Gore mostra todo seu didatismo a respeito do aquecimento global e das previsões catastróficas para o clima.
Mas, o que me chama atenção atualmente nas prateleiras das locadoras é Brian Herzlinger. Nunca ouviu falar dele?
Não é para menos, Brian é um perfeito anônimo que nutre uma fantasia infantil: Conhecer pessoalmente a atriz Drew BarryMorre( ET, As Panteras)
Em Meu Encontro com Drew(My Date With Drew 2004, Brian Herzlinger)
Brian dispõe de apenas U$$ 1000 para filmar sua empreitada ajudado por dois amigos igualmente insanos sendo que deve devolver a câmera dentro de 30 dias para reaver o dinheiro.
A partir daí a teoria dos Seis graus de separação toma força, ou seja, Brian crê piamente que está a apenas cinco degraus de Drew. Ledo engano.
Mas, o que quero ressaltar não é a jornada de Brian, que por sinal é emocionante, mas sim a carga emocional que leva consigo.
Com os olhos um pouco mais afastados da histeria que circuncida Drew, e das evidentes dificuldades que um homem comum teria para chegar até ela, percebe-se que a idéia do documentário é absolutamente banal, mas totalmente envolvente; um ser humano querendo entrar em contato, conhecer outro, que mora no mesmo país e provavelmente na mesma cidade (Los Angeles, pra ser mais especifico) simplesmente pelo fato de desejar, sem máscaras ou teatros prontos.
Nada mais simplório. E ai está seu mérito: a simplicidade absoluta, o amadorismo e a força do anônimo.
A questão principal é que Brian termina por encerrar nossas fantasias mais infantis e ai está sua graça, em não se perder a essência.
Brian tem 27 anos, está desempregado, falido, é desengonçado, um homem feito que não cresceu efetivamente, estacionado nesse desejo/obsessão que termina por guiá-lo cegamente.
Olhando de fora, Brian é um típico losser para o qual tudo dá errado até o momento que decidi enfrentar sua insignificância frente ao mito de Drew e ai está sua salvação.
Na verdade, “Encontro” é incomodo, pois mexe com nossos desejos e sonhos, nosso “eu criança” e nos faz repensar sobre o que realmente desejávamos, mas deixamos para trás pela estrada da vida ( lembra quando você pensou em ser astronauta ou artista de circo?!)
Por fim, terminamos torcendo pelo tal encontro do título, e eventualmente alguma lágrima pode escapar inadvertidamente.
Jornada simples e significativa.
Nada de lua ou marte; Brian quer o chão que pisa; entrega-se ao ridículo, ou seja, a sua própria realidade.
Finalmente um documentário sobre gente normal, suas impossibilidades e vitórias, por que não?
Site Oficial http://www.mydatewithdrew.com/
Hoje documentários podem ser encontrados em cinemas (coisa rara há alguns anos atrás) e os temas base criaram asas.
Até para o público leigo que tem como principal e único acesso as locadoras de DVDs essa mudança é visível.
Quem antes estava acostumado só com os interessantes, porém enfadonhos documentários do National Geographic, hoje tem a sua disposição uma vasta gama de produtos dessa categoria.
Só para exemplificar, um dos primeiros a se popularizar frente ao grande público foi Michael Moore com seu polêmico e instigante Tiros em Columbine (Bowling for Columbine, 2002, Michael Moore) onde demonstra a irracionalidade da violência reinante nos EUA abastecida pela cultura do medo e das armas.
Outro anônimo que ganhou fama com documentários inusitados foi Morgan Spurlock com o divertido e espirituoso Super Size Me - A Dieta do Palhaço (Super Size Me, 2004, Morgan Spurlock) trazendo o lado sombrio das dietas baseadas em Fast Food.
Como experiência Spurlock comeu durante um mês todo somente alimentos do cardápio da mundialmente conhecida Mcdonald´s. resultado: ganhou peso, perdeu saúde e uma sentença : “Você vai morrer se não parar já!”
Outro que também merece lembrança é o Oscarizado “A marcha dos pingüins” (La Marche de L'Empereur, 2005, Luc Jacquet) que narra de forma emocionante o trajeto dos bichos rumo ao interior da Antártica para a procriação num jogo onde o tempo é decisivo para a vida ou para a morte. Excelente.
O Brasil também não fica de fora de produções de documentários; aqui posso citar o impactante Ônibus 174 (2002, José Padilha) que merece louvores por sua coragem e espírito investigativo.
E essa lista de exemplos poderia ser fechada com um “não tão anônimo” assim que estréia no Brasil ainda este ano: Uma Verdade Inconveniente (An Inconvenient Truth, 2006, Davis Guggenheim) onde o ex-vice-presidente dos EUA Al Gore mostra todo seu didatismo a respeito do aquecimento global e das previsões catastróficas para o clima.
Mas, o que me chama atenção atualmente nas prateleiras das locadoras é Brian Herzlinger. Nunca ouviu falar dele?
Não é para menos, Brian é um perfeito anônimo que nutre uma fantasia infantil: Conhecer pessoalmente a atriz Drew BarryMorre( ET, As Panteras)
Em Meu Encontro com Drew(My Date With Drew 2004, Brian Herzlinger)
Brian dispõe de apenas U$$ 1000 para filmar sua empreitada ajudado por dois amigos igualmente insanos sendo que deve devolver a câmera dentro de 30 dias para reaver o dinheiro.
A partir daí a teoria dos Seis graus de separação toma força, ou seja, Brian crê piamente que está a apenas cinco degraus de Drew. Ledo engano.
Mas, o que quero ressaltar não é a jornada de Brian, que por sinal é emocionante, mas sim a carga emocional que leva consigo.
Com os olhos um pouco mais afastados da histeria que circuncida Drew, e das evidentes dificuldades que um homem comum teria para chegar até ela, percebe-se que a idéia do documentário é absolutamente banal, mas totalmente envolvente; um ser humano querendo entrar em contato, conhecer outro, que mora no mesmo país e provavelmente na mesma cidade (Los Angeles, pra ser mais especifico) simplesmente pelo fato de desejar, sem máscaras ou teatros prontos.
Nada mais simplório. E ai está seu mérito: a simplicidade absoluta, o amadorismo e a força do anônimo.
A questão principal é que Brian termina por encerrar nossas fantasias mais infantis e ai está sua graça, em não se perder a essência.
Brian tem 27 anos, está desempregado, falido, é desengonçado, um homem feito que não cresceu efetivamente, estacionado nesse desejo/obsessão que termina por guiá-lo cegamente.
Olhando de fora, Brian é um típico losser para o qual tudo dá errado até o momento que decidi enfrentar sua insignificância frente ao mito de Drew e ai está sua salvação.
Na verdade, “Encontro” é incomodo, pois mexe com nossos desejos e sonhos, nosso “eu criança” e nos faz repensar sobre o que realmente desejávamos, mas deixamos para trás pela estrada da vida ( lembra quando você pensou em ser astronauta ou artista de circo?!)
Por fim, terminamos torcendo pelo tal encontro do título, e eventualmente alguma lágrima pode escapar inadvertidamente.
Jornada simples e significativa.
Nada de lua ou marte; Brian quer o chão que pisa; entrega-se ao ridículo, ou seja, a sua própria realidade.
Finalmente um documentário sobre gente normal, suas impossibilidades e vitórias, por que não?
Site Oficial http://www.mydatewithdrew.com/
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